domingo, 17 de fevereiro de 2008

Lá estava ele.

Sozinho novamente, se confrontando com seus sonhos e desejos. Pensava que poderia ter uma vida melhor, talvez mais aventuras, um amor verdadeiro. Talvez morasse em Madri ou Paris. Mas sabia que seu caminho fora definido por suas proprias escolhas, trilhadas conforme o seu próprio plano, sejam bem planejados ou não, sejam os planos que ele queria ou não.

Ao acordar, abria os olhos e não conseguia muito bem definir o que pensava, quem ele era, qual o caminho certo. Sabia que o tempo passara e que tudo que passou não voltaria mais, sabia também que o futuro ainda era algo indefinido, o futuro estava apenas esperando suas ações pra que acontcessem.

Ele sabia disso, mas não sabia bem o que esperava do futuro, ou se realmente esperava algo. Talvez ele vivesse uma vida de plástico, uma vida de mentira, uma vida que não desejara, mas que conseguira por esforço próprio, ou talvez por não fazer esforço algum.

Se sentia inerte perante os acontecimentos, ora se sentia feliz, ora muito triste. No fundo ele queria acreditar que sua vida fora o que desejara até o momento atual, mas não tinha muita crença nisso.

Ele definira sua vida como algo que precisava passar, mas se ressentia por não ter lutado mais, por não ter acreditado mais no que a vida tinha a lhe oferecer.

Algumas vezes via filmes, lia poemas, sofria com isso, pois sentia na pele as consequencias de todos os seus atos, sentia na pele as marcas dos seus erros, isso lhe destruía aos poucos, lhe derretia a cada dia, como o gelo ao ser exposto ao sol.

Sentia agora que não havia muitas esperanças, não lhe sobrara muita coisa pra se inspirar. Apenas a vontade de viver, a genuína vontade de estar vivo.

A solidão outrora alguém que nunca tinham lhe apresentado, hoje um amigo fiel, um amigo que muitas vezes lhe tirava as forças, lhe causava momentos de desespero, mas mesmo assim ainda era um amigo.

Sentia que talvez não merecesse a solidão que o acompanhava, se perguntava o que tinha feito pra estar passando por aquilo, já que nunca fora uma pessoa tão ruim assim, se questionava se ele merecia estar naquela situação, vira tantos outros que eram mals, injustos e infiéis com seus amores e não entendia muito bem como Deus escolhia os critérios de sofrimento por qual as pessoas tinham que passar.

Lembrava do amor que um dia tivera e não sabia muito bem o que a vida lhe reservava pro futuro, tinha a impressão que nunca mais amaria novamente, nunca mais teria a capacidade de se entregar a alguém novamente. Chorava, se sentia amarrado, vulnerável, como um Capitão que perde o controle do seu navio e sabe que a colisão será inevitável.

Ainda tem esperança no coração de que as coisas mudem, pois sabe que fases vem e vão, mas não sabe muito bem como mudar isso.

Tudo que ele quer no momento, é se sentir vivo, ter a alegria no coração, um amor verdadeiro e não perder a fé no que há de vir, luta com todas as forças pra que isso ocorra, mas em alguns momentos fraqueja, cai e sente o desalento tomar-lhe as idéias. Não pensa na morte pois sabe que seria apenas uma fuga, ele pensa na vida.

Tenho certeza que ele conseguirá vencer seu desafio e voltará a sentir a vida correndo nas suas veias novamente, porque se não conseguir se tornará um cadáver em vida. E ele já vivera muito tempo uma morte em vida. Não queria mais isso. As coisas teriam que mudar de qualquer jeito.

Às vezes encontram ele por aí em algum lugar, dando sorrisos, fazendo brincadeiras, sua máscara está muito bem colocada, é quase impercepível as sensações internas que lhe fazem se sentir tão vazio.

Mas ainda sim tenho fé nele!