terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Amor e Musica




Ao longo da minha vida tenho presenciado muitos tipos de amores.

Amores platônicos, amores avassaladores, amores frios, amores carinhosos, amores alegres, amores tristes, amores sem amor...

Tantos tipos e de tantas maneiras...

E eu como musico vejo que a vida imita a arte. Acho muito mais correto dizer que o amor se assemelha a musica do que a qualquer outro tipo de coisa.

O amor é o reflexo perfeito da musica.

Tem pessoas que são como os pianos... Passam a vida sem se ligar muito a ninguém. Eles tocam sozinhos e às vezes fazem um dueto, tocam com orquestras. Mas pra eles não é tão necessário alguém pra complementar. E assim eles passam a vida... Tocando em muitas sinfonias, concertos, shows. Mas no fundo estão sempre sozinhos. Egoísmo? Autosuficiência? Talvez um pouco dos dois. O importante é saber se ele está feliz com a sua musica ou se precisa de outro instrumento pra completá-lo.

Tem pessoas que são como violões. Podem tocar sozinhos, mas normalmente preferem ter alguém pra completá-los. Eles podem tocar uma musica sem precisar de ajuda de outros instrumentos. Mas seu som não fica tão gracioso como deveria. Falta brilho, falta algo. Falta uma voz ou um instrumento pra fazê-lo chegar até os céus.

Tem pessoas que são como os instrumentos de percussão. São alegres, espontâneos. Trazem alegria aonde vão. Mas não são tão felizes se não tiverem um cavaco, um violão ou até uma cuíca pra deixar a sua presença mais irradiante, mas bela.

Tem pessoas que são como os violinos e os saxofones. Seus sons são lindos, melodiosos, sexy. Muitas vezes sozinhos causam grande emoção e inspiração. Mas que no fundo seriam muito mais virtuosos com um piano ao seu lado. Um violão, ou talvez até mesmo um contrabaixo acústico.

É isso que as pessoas não entendem. Que a musica é bela, é sensível, assim como o amor. Não pode ser quebrada essa harmonia.

Muitas vezes vemos Violinos tocando com outros violinos. Fica bonito. Mas falta algo. Não se completam. Nem sempre as mesmas afinidades significam que haverá harmonia.

Muitas vezes vemos Pianos com pandeiros. Fica bonito, dá pra fazer uma musica. Mas parece que não encaixa bem. Não causa o efeito que deveria.

E assim é o amor. Vemos pessoas muito parecidas que não se completam e vemos muitas pessoas opostas que até parecem ter sintonia, mas depois descobrem que não era aquilo que elas esperavam.

Agora definir que instrumentos ficam bem uns com os outros é uma tarefa difícil. Exige saber o repertorio de cada instrumento. O gosto musical. E o que ele espera produzir sonoramente.

A nossa tarefa é descobrir que instrumentos somos e achar um instrumento que possa completar nosso som e compor uma linda musica que traga emoção e vida pra quem escutar.

Isso não significa que não possamos passar algum tempo tocando sozinhos... Às vezes não existe nada mais belo que um piano tocando Sonata ao Luar. Assim como um violino tocando Meditação de Thais. Mesmo sem acompanhamentos...

Mas assim é o amor. Uma eterna canção. Onde haverão solos, harmonias complicadas, duetos, melodias complexas e muitas vezes melodias simples e que trazem muita emoção. Às vezes existirão orquestras e às vezes um singelo solo de uma triste trompa ecoando dentro de um teatro qualquer.

E assim prossegue cada instrumento. Ora fazendo duetos. Ora tocando com orquestras. E muitas vezes tocando sozinhos numa noite escura. O importante é não deixar o instrumento parar de produzir sua melodia. Afiná-lo de vez em quando, comprar novos acessórios e nunca, jamais deixar de tocá-lo. O fim de cada instrumento só o destino poderá dizer.

Espero que nenhum instrumento possa terminar jogado dentro de um velho armário empoeirado ou em alguma parede como decoração. Que ele possa tocar trazendo harmonia, amor, luz e felicidade pra quem o ouvir. E que ele pare de funcionar dessa forma. Tocando com beleza e magia suas últimas notas. Que ele possa trazer emoção até o seu último momento como criador de sentimentos.