quarta-feira, 20 de julho de 2011

Trechos de uma psicografia de um amigo espiritual que se intitula Calunga.

Ai meu Deus! Se vocês tivessem coragem de amar, não? Se tivessem a coragem de amar. Como faria diferença na sua vida, se entendesse o que é isso, se entendesse o que é sua bondade, o que é o espirito dentro de você. De como o espirito gosta de todo mundo sem se envolver com ninguém, de como é ver com os olhos do espirito, se tivessem essa coragem de amar!

A gente quase não diz eu te amo, diz às vezes pras pessoas como um filho, num sentido indireto: A mamãe te ama muito. Mas nunca fala: EU TE AMO, COMO EU GOSTO DE VOCÊ! Talvez dessa forma mais suave, mas ao mesmo tempo direta da gente dizer eu gosto de você, se tivessem essa coragem de dizer das coisas que gostam, faria muita diferença na nossa vida. Se a gente conseguisse gostar sem ter que assumir a vida da pessoa, mas dizer: eu gosto de você! E que não importasse quem ela é, porque não importa. Que não importasse o que ela ta passando, e também não importa se você é impotente pra ajudar. Mas se a gente pudesse olhar e dizer: gosto de você. Como estamos precisando disso, de ouvir e de falar. É uma sede muito grande minha gente! Se eu não ouvir isso ou sentir eu não sei porque existo. Parece que estamos sozinhos, que nada faz sentido, ou nada sentimos mais, com a esperança de viver, de existir.

Nossos pensamentos, nossas tarefas, responsabilidades que assumimos, são nobres e importantes. Ai, mas se você sentisse comigo aqui o quanto você precisa de que alguém te diga sinceramente que gosta de você, do jeitinho que é, não importa o que esteja fazendo, eu só olho e digo: gosto. Gosto sem precisar de nenhum compromisso, não precisa dar presente, carinho, nenhum beijo ou abraço. Não to dizendo pra evitar, mas não precisa correr atrás dos problemas das pessoas e levar pra casa, assumir, aconselhar, ser mãe, ser pai, devotar a vida inteira pela pessoa, não é isso! É aquele momento que você diz: eu gosto de você, sem nenhum compromisso. Quando a gente descompromissa o gostar já não é mais perigoso, não implica mais nenhuma responsabilidade, não implica atividade, nenhuma condição. Você é terrível, não presta, é louca, mas eu gosto de ocê, lá dentro eu gosto. Como nós precisamos escutar isso! Se nós soubéssemos escutar! 

Porque achamos que se a pessoa diz isso temos que ter compromisso com ela. Ah muito obrigado. Que obrigado o que minha filha! Eu só falei que gosto de você, e fala obrigado, porque acha que ta obrigada a alguma coisa? Vocês quer evitar de sentir e ao mesmo tempo tem tanta sede, nós temos medo de sentir o gostar. Talvez porque ao gostar a gente fica louco com essa coisa de expectativa, de compromissos, que as pessoas imponham coisas, ligar, telefonar. Tememos que o outro leve por mal, que haja abusos, que a pessoa interprete que é uma conotação sexual, tememos e carecemos tanto. Como nós carecemos de pureza né gente? Se sabe que foi feito pra pureza,  eu sei que você tem malicia pra se defender da maldade do outro, mas a pureza como arma ta acima de tudo! Eu gosto de você com pureza, sem pensar em nada, só aquele sentimento. E ouvir do outro eu também gosto, simplesmente, com aquela sensação que parece que você se encaixou consigo mesmo, uma coisa gostosa, parece que sou válido porque existo. E não precisa gostar sempre, de tudo, não é isso. Mas a pessoa, a alma. A gente fica vendo os detalhes: a porque a pessoa é mal educada, tem idéias estranhas, etc...

Mas ocê também é uma coisa meio estranha dependendo de quem olha, não é verdade?
Eu sei que as vezes essas coisas define a relação, porque são pessoas com hábitos diferentes do seu. A pessoa é muito agressiva, desagradável e a gente não quer ficar com ela, claro, eu entendo. Mas como é profundo dizer assim mesmo gosto de você. É um chefe mal humorado, fedido, mas derrepente sinto que gosto desse homem, porque preciso explicar porquê gosto, hein? Será que a gente só não pode sentir ué. Não sou obrigado a conviver com ele, posso ir embora, e se esse homem for mal educado vou dar uma na cara dele, mas eu gosto dele. Porque não admite que gosta? Que vazio, que sozinho, que dor, dor de não existir, da ansiedade de querer ser. Precisamos aprender  assumir esses sentimentos, assim como fazemos com outros, mais coragem, né gente? Basta dizer eu gosto de você pra sentir e pra pessoa escutar, porque quando sente e diz livremente e sem cobranças, a energia bate lá na pessoa, e as vezes a idéia de suicídio são jogadas de lado, a idéia de baixa estima perde pontos, o desespero acalma, a ansiedade passa, o orgulho se entorpece não conseguindo dominar mais, a alma ganha força porque todos nós precisamos de estimulo espiritual . Quando diz que gosta da pessoa do fundo do coração, o espirito da pessoa desperta e vem pra fora. Essa é a grande magia, principalmente se você não cobra nada dela. Ah mas o que você gosta de mim? Eu gosto e só, não tem o que. Porque se você for olhar o que tem, vai ter uma porção de coisa que você não vai gostar, então é melhor nem olhar. Porque ai vem o lado perfeccionista , entra o lado critico e já acaba o gostar. 

Então não se explique, assuma e transmita: eu gosto de você. Ah, mas o homem vai pensar que quero dormir com ele, que pense, minha filha! Porque se a gente ficar pensando, pra evitar a loucura humana, já não é mais o espirito, a gente tem que compreender que a loucura existe e rir dela, porque essas coisas  é de cada um. Mas não pode ser maior do que o toque da existência, quando uma experiência toca o ser, e ele sente que existe, sai do vazio, da solidão, do perdido e vem pra fazer sentido. Quando um amigo, colega, ou apenas uma pessoa de convívio secundário chega e fala: eu gosto de você, tem um jeito bom, você tem uma ótima casa, qualquer coisa assim. Pra não deixar a pessoa confusa pode dizer: olha gostei muito do seu trabalho, você é bem jeitoso. E derrepente ela existe, o trabalho dela faz sentido, porque todo mundo precisa de apreciação verdadeira. Gente, estamos cansados de rejeição, cansados de criticas, nós não aguentamos, do cinismo, da gozação. Não adianta você correr atrás de tudo na vida se não tiver o peito cheio de calor e bem querer. Então se você não tem casa, não faz mal, converse com tudo que está a sua volta. Você ta precisando do toque da existência, então começa a dar o toque de existir nas pessoas. Gostei muito disso, daquilo outro, será que vai baixar seu orgulho? de não falar nada, de não brigar. Você pode brigar de vez em quando, se não a vida não teria a graça. Tem coisas que é ridículo mais diverte. 

Toque da existência que cura a carência que nasce dentro de nós. O espirito quer viver o afeto desinteressado, cresce e se fortalece fazendo com que o mundo atraia conexões mágicas.

Nós precisamos acabar com esses crimes diários com que nós matamos as pessoas em volta, sepultando-as na solidão, do desamor. Nós precisamos resgatar e as pessoas, como anjos que assumem a missão do espirito. Pode ser que o resgate de uma criatura leve muito tempo, mas o que importa é que você naquele momento jogou e tocou, o resto vai pelo processo da vida. O pessoal na sua casa precisa ser tocado pelo que eles fazem e são. Eles precisam existir pra se encherem mais de si, pra ficarem mais felizes, e você também.

E depois qualquer um minha gente, é Deus, qualquer é um perfeito, qualquer um é maravilhoso no seu processo de desabrochar, que muitas vezes parece feio mas é pelos nossos olhos que não sabe enxergar. Portanto ta na hora de começar né gente, gosto de você nisso, naquilo, as vezes quero te matar, mas gosto de você.

Mas eu não quero que você force, não quero que minta, não quero que invente, não to dando mandamento, não to chamando atenção. To apenas conversando com você o que to sentindo, mas eu sei que cada um faz o que pode, mas se a gente começar acordar, talvez toda aquela ansiedade, aquela busca, acalme.

domingo, 17 de julho de 2011

Uma vez os grandes compositores Tom Jobim e Vinicius disseram que Todo poeta só é bem grande se for triste. E quanto à alegria? Concordo com eles de certa forma. Se considerarmos que a tristeza e a melancolia, ambas são grandes fontes de inspiração para a maioria de nós.

Imagina o que seria dos autores sertanejos, pagodeiros, românticos, bregas e a maioria dos compositores se as musicas não falassem sobre tristeza, solidão, e dor de corno? Sobraria o que? Musicas da Xuxa cantando balance a cabeça com o tchutchucão? No máximo as musicas que falam de politica e coisas do gênero.

Claro que modéstia a parte eu acho que alguns ritmos como pagode, sertanejo, forró e Roberto Carlos exageram na dilaceração da carne. Sim meus amigos, Roberto Carlos se tornou um estilo próprio de musica por ser extremamente sofredor e dramático. Olha que eu gosto das musicas antigas dele. Mas sucessos como Me deixa aqui no chão e Eu te darei o céu meu bem são musicas que ultrapassam a cornice e chegam às raias do pedido de decapitação.

Eu como ninguém conheço todas as musicas do Rei. Sim, meus leitores, TODAS, Tirando as primeiras que nem contam por serem bem ruinzinhas.

Mas não sejamos ingratos. O que seria de nós sem todos esses estilos de auto piedade? Todo mundo precisa sofrer. E no fundo todo mundo gosta de sofrer. Até porque se as pessoas não sofressem Luan Santana não compraria um avião. Coitado. O rapaz teria que enfrentar as duras estradas brasileiras todo o tempo para espalhar seu cântico rácico negro. Sim, se notarmos todas as músicas do Luan tem a mesma métrica, ritmo e são muito semelhantes nas melodias. Lembrando o conhecido grupo Raça Negra. O Raça Negra iniciou sua carreira na mídia por volta de 1989. Velho, né? Pois é. E de lá veio fazendo fama com suas musicas todas iguais. Parece que você está ouvindo uma só musica interminável de 60 minutos. E o pior, pelo menos nas operas ou concertos muito grandes existem as pequenas variações. Allegro, allegreto, adagio. Mas Raça Negra não. São 60 minutos da mais genuína musica igual. Isso me fez lembrar meu amigo Mr Rod que uma noite acordou de madrugada aterrorizado, todo suado e o que era? Uma terrível noite de pesadelo? O Freddy Krueger apareceu em sua porta vendendo vassouras? Não… era um vizinho maluco escutando Raça Negra de madrugada. Mr Rod até hoje tenta se recuperar daquele tenebroso momento de sua vida.

Bem, mas voltando ao foco principal da conversa. A relação do triste com o alegre, da euforia com a melancolia. No fundo um depende do outro. Imagina se só existisse alegria? O mundo seria um eterno programa do teletubies, onde todos ficariam pulando, rindo, soltando grunhidos grotescos (tá, exagerei. É minha veia dramática). Chegaria uma hora que nego surtaria, acertaria a cara do Tink Wink. Teletubies de dois sexos. Até hoje não sabemos a sexualidade daquele teletubies que usava saia. Humpf. Nem é preconceito, mas pelo menos decide o que é afinal, oras.

E se o mundo fosse totalmente melancólico? Seriamos todos emos. Todo mundo chorando, cortando os pulsos. Acabariam-se os estoques de giletes no mundo. Foras que aqueles cabelos dariam um trabalho a beça para manter. Que barbeiro conseguiria cortar cabelo se ficasse todo o tempo chorando? Por isso que é necessário um pouco dos dois. Sim, em alguns momentos pura alegria e no outro, pura tristeza. No melhor estilo bipolar… huahauh…

Até lembrei-me de um caso estranho onde um cara se curou de um câncer rindo. O cara entrou no quarto e começou a rir. Um belo dia ele foi ao medico e descobriu que estava curado. E agora, pastor que curou mais de 300 pessoas? Onde está seu Deus agora?

Eu ia escrever um texto triste, poético. Acabei escrevendo um texto humorístico. Putz…
Comecei citando Vinicius pra acabar em Raça Negra.
Na próxima eu consigo.

“É hora de dar tchau! É hora de dar tchau!”

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A música da praça.



Hoje quando voltava de ônibus, ouvi uma musica na praça. Era uma musica de Debussy, “Sonho Angelical”.

O cenário era bem diferente daquela musica. Mas combinava. Um velho mendigo ouvia a musica enquanto mastigava alguma coisa, talvez um pedaço de pão. Tinha gosto em seu mastigar, ao mesmo tempo em que a musica tocava no seu momento fortíssimo. Parecia narrar uma cena de filme. Uma pintura triste. Ruas sujas, com moribundos deitados esperando o dia seguinte para abrirem os olhos e continuarem a respirar.

Aquele mendigo se mantinha estático, apenas mastigava aquele pedaço de pão. Não esboçava raiva, nem alegria, nem nada. Apenas mastigava lentamente.  Seu rosto não manifestava nenhuma emoção enquanto Debussy estava lá, tocando de forma frenética. Escute-me! Escute-me, seu vagabundo! Mas o mendigo permanecia lá, mastigando o seu pão.

O vento soprava. Um cheiro de esgoto e poeira. Algumas pessoas sentadas tomando uma cerveja.  O campo de futebol vazio. A noite se apresentava de forma clara, céu estrelado. Debussy tocando em algum radinho naquela praça. Mas aquele homem não queria saber de Debussy, de radinho, de cerveja, nem de um curioso passageiro que assistia a cena enquanto passava dentro de um ônibus qualquer. 

O mundo era ele e aquele pedaço de pão.

Aquele momento ficou marcado. Simples, corriqueiro, tragicômico.

Um velho mendigo mastigando o seu pão.

sábado, 2 de julho de 2011

A noiva mais feliz do mundo

Sim, amigos. Ela existe. Eu estava lá, eu vi. Numa igrejinha do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, estava a noiva mais feliz do mundo.

Na trajetória de minha vida já toquei em muitos casamentos. Quantidade maior do que seria capaz de contar. Mas digo a vocês. Encontrei lá a noiva mais feliz desse mundo.

E não estou falando daquela alegria de satisfazer um sonho ou desejo. Que todo mundo tem. Não, meus amigos. Era mais. Muito mais que isso. Era uma felicidade que transbordava. Saía dos olhos daquela noivinha e se espalhava por toda a igreja. Até mesmo o padre em um determinado momento comentou: “- De todos os casamentos que já fiz, você é a noiva mais feliz que já vi!”. Ela respondia com um sorriso de cinema e um olhar que trazia esperança a quem a encarasse.

Todos na igreja se emocionaram. Até mesmo eu que não acreditava em casamento, comecei a pensar que talvez estivesse errado.
Aquele olhar tinha tanta esperança e amor que poderia curar todo o planeta.

Talvez devessem transmitir aquele sorriso no comercial da novela ou num comunicado mundial. Talvez as guerras acabariam.
Quando ela disse sim. Não foi apenas ela. Todos naquele momento disseram sim juntos.

Confesso que orei de coração e pedi a Deus que protegesse aquele jovem casal. Eles mereciam toda a felicidade. Naquele momento pedi a Deus que aqueles noivos permanecessem felizes por todo o sempre. Passei a acreditar que o amor ainda é possível. Pelo menos para aqueles noivos.

Talvez algumas pessoas estejam pensando que se trata de uma paixão passageira. Sim, talvez. Mas talvez o maior problema de nós, incrédulos, que não acreditamos mais em um amor eterno, seja a falta do sonho. Passamos a acreditar que Papai Noel não existe. E se o sonho não existe, o que resta? O trânsito, a novela, o trabalho, ganhar dinheiro, baladas ou talvez se casar, achando que nada melhor poderá vir a acontecer. Claro que no fundo todos nós temos a fé que algo pode mudar. Finalmente algo acontecerá para nos salvar da solidão ou do tédio. Tá. Tudo bem. Mas de que adianta olhar com rabo de olho? Não dizer que acredita mais em amor, mas ficar espiando pela brecha para ver se o amor aparece?

Melhor fazer como essa noiva. Que se jogou de cabeça. E continuo afirmar: Nunca vi noiva mais feliz no mundo.